terça-feira, 27 de julho de 2021

18º Domingo Comum - Ano B

 



18º Domingo Comum

A Motivação Certa

João 6.24-35

 

O Evangelho do domingo passado nos contou como Jesus alimentou a multidão com cinco pães e dois peixes, na “outra” margem do Lago de Tiberíades (Jo 6.1-15). Ao “cair da tarde” desse mesmo dia, Jesus e os discípulos voltaram a Cafarnaum (Jo 6.16-21).

O episódio que o Evangelho de hoje nos apresenta situa-nos em Cafarnaum, no “dia seguinte” ao episódio da multiplicação dos pães e dos peixes.

Nessa manhã, a multidão ainda estava do “outro lado” do lago, apercebeu-se de que Jesus tinha regressado a Cafarnaum e dirigiu-se ao seu encontro.

A multidão encontra Jesus na sinagoga de Cafarnaum – uma cidade situada na margem ocidental do Lago. Confrontado com a multidão, Jesus profere um discurso (Jo 6.22-59) que explica o sentido do gesto realizado (a multiplicação dos pães e dos peixes).

 

I. Leitura do Evangelho (O que o texto diz?)

O que relata o texto do Evangelho?_______

 

A cena inicial (v24) parece sugerir, à primeira vista, que a pregação de Jesus alcançou um êxito total: a multidão está entusiasmada, procura Jesus com afã e segue-O para todo o lado. Aparentemente, a missão de Jesus não podia correr melhor.

Contudo, Jesus percebe facilmente que a multidão está equivocada e que O procura pelas razões erradas (não pelo Sinal Espiritual, mas pelo pão material).

Na verdade, a multiplicação dos pães e dos peixes pretendeu ser, por parte de Jesus, um sinal de que Ele era o Messias (um novo Moisés, o profeta anunciado), mas a multidão não foi sensível ao significado profético do gesto e só percebeu que Jesus podia oferecer-lhe, de forma gratuita, pão em abundância.

Assim, o fato de a multidão procurar Jesus e se dirigir ao seu encontro não significa que tenha crido em sua missão messiânica; significa, apenas, que viu em Jesus um modo fácil e barato de resolver os seus problemas materiais.

Jesus está consciente de que é preciso desfazer, quanto antes, esse mal-entendido. Por isso, nem sequer responde à pergunta inicial que Lhe põem (“Mestre, quando chegaste aqui?” – vers. 25); mas, mal se encontra diante da multidão, procura esclarecer coisas bem mais importantes do que a hora da sua chegada a Cafarnaum…

As palavras que Jesus dirige àqueles que O rodeiam põem o problema da seguinte forma: eles não procuram Jesus, mas procuram a resolução dos seus problemas materiais (v26). Trata-se de uma procura interesseira e egoísta, que é absolutamente contrária à mensagem que Jesus procurou passar-lhes.

 Depois de identificar o problema, Jesus deixa-lhes um aviso: é preciso esforçar-se por conseguir, não só o alimento que mata a fome física, mas sobretudo o alimento que sacia a fome espiritual. A multidão, ao preocupar-se apenas com a procura do alimento material, está a esquecer o essencial – o alimento que dá vida definitiva.

Esse alimento que dá a vida eterna é o próprio Jesus que o traz (27).
O que é preciso fazer para receber esse pão? – pergunta-se a multidão (28). A resposta de Jesus é clara: é preciso acreditar que Jesus foi enviado pelo Pai como o Messias (29).

Na cena da multiplicação dos pães, a multidão não aderiu ao Jesus Messias; apenas correu atrás do profeta milagreiro que distribuía pão e peixes gratuitamente e em abundância…

Por que é que Jesus não realiza um gesto espetacular – como Moisés, que fez chover do céu o maná, não apenas para cinco mil pessoas, mas para todo o Povo e de forma continuada – para provar que a proposta que Ele faz é verdadeiramente uma proposta geradora de vida (31)?

Jesus responde pondo a questão da seguinte forma: o maná foi um dom de Deus para saciar a fome material do seu Povo; mas o maná não é esse “pão” que sacia a fome de vida eterna do homem. Só Deus dá aos homens, de forma contínua, a vida eterna; e esse dom do Pai não veio ao encontro dos homens através de Moisés, mas através de Jesus (32-33).

Portanto, o importante não é testemunhar gestos espetaculares, que deslumbram e impressionam, mas não mudam nada; mas é acolher a proposta que Jesus faz e vivê-la nos gestos simples de todos os dias.

A última frase do nosso texto identifica o próprio Jesus, já não com o “portador” do pão, mas como o próprio pão que Deus quer oferecer ao seu Povo para lhe saciar a fome e a sede de vida eterna (35).

 

II. Meditação do Evangelho (o que o texto me diz?)

O que Deus falou com você neste Evangelho? ________________

·         A multidão estava entusiasmada porque entendeu o sinal de Jesus de forma errada. Precisamos vigiar a nossa vida e as nossas motivações. Muitas vezes estamos equivocados. Buscamos em Jesus apenas os bens para este mundo sem a devida preocupação com a salvação e a vida eterna.

·         O Jesus sabia da motivação errada das multidões. Ele conhece a verdade do nosso coração e sabe se procuramos a salvação eterna ou apenas entretenimento religioso.

·         Muitas vezes não percebemos os sinais de Deus em nossa vida e tomamos atitudes erradas. Precisamos vigiar nossos sentimentos e percepções.

·         Nem todos que procuram Jesus, o procuram para alcançar a vida eterna e ter uma vida em santidade. Procuram apenas pelos benefícios terrenos.

·         Precisamos fazer as seguintes perguntas: Estamos procurando fazer a vontade de Deus ou caçando os nossos próprios interesses?

·         Devemos buscar saciar a fome material e a cura para as nossas enfermidades, sem esquecer o essencial que é a nossa santidade e a nossa salvação eterna.

·         Mais importante do que comer o pão multiplicado, é comer o Pão do Céu que é o próprio Jesus.

·         Temos uma fome espiritual que o pão multiplicado nunca poderá saciar.

 

III. Orando o Evangelho (O que digo a Deus?)

            Faça uma oração baseada no Evangelho meditado:_____________

 

Senhor. Desejamos te seguir como o nosso Pão que veio do Céu. Que a nossa fome seja fazer a Tua vontade. Que nosso seguimento não seja por interesses terrenos e mundanos, mas que desejamos, em todo o tempo, fazer a tua vontade e viver em santidade. Retira as motivações erradas do nosso coração e estabeleça o princípio de honra ao Pão vivo que desceu do céu. Que não estejamos te seguindo pelos benefícios materiais e terrenos, mas por causa da mensagem transformadora do Seu Evangelho. Por Jesus Cristo, nosso Pão Espiritual, na comunhão com o Espírito Santo. Amém.

 

IV. Qual o compromisso que assumirei depois desta meditação na Palavra de Deus?

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Conclusão:

            Hoje, muitas igrejas evangélicas promovem a motivação errada. Multidões estão seguindo Jesus, não pelo seu messianismo, mas pelo pão que perece. Podemos levar a cura divina e a solução de Deus para todos os problemas, mas precisamos apontar para a vida eterna e para a santidade que Ele tem a nos ofertar. Que sejamos discípulos guiados pela motivação que agrada o coração de Jesus.

 

 

terça-feira, 20 de julho de 2021

17º Domingo do Tempo Comum - Ano B

 


17º Domingo Comum

O Desafio de Alimentar a Multidão

João 6.1-15

 

O Evangelho de Hoje fala dos desafios que o Senhor coloca em nossa frente. Como reagimos diante dos desafios? O Senhor Jesus nos ensina a viver o sobrenatural agindo na fé e na fidelidade aos projetos de Deus.

 

I. Leitura do Evangelho (O que o texto diz?)

O que relata o texto do Evangelho?_______

 

O Evangelho relata que Jesus atravessou o mar da Galiléia e foi seguido por uma numerosa multidão que tinha visto os “sinais que ele fazia na cura dos enfermos”.

Aproveitando a oportunidade de ter uma multidão a sua volta, Jesus sobe ao monte com seus discípulos.

Sabendo o que ia fazer, Jesus experimentou Filipe perguntando: “Onde compraremos pães para lhes dar a comer”?

Filipe tinha certeza que nem mais da metade de um ano trabalhado (200 denários) não seria suficiente. Era impossível suprir a necessidade do povo.

André também expõe a carência dos seus recursos: “Está aí um rapaz que tem cinco pães de cevada e dois peixinhos; mas isto que é para tanta gente”?

Jesus ignora as duas impossibilidades. Simplesmente ordena que os apóstolos façam os quase cinco mil homens se assentarem na relva.

A primeira atitude de Jesus é tomar os pães e os peixes e dar graças. Depois os apóstolos os distribuíram. Todos comeram até ficarem fartos.

Jesus então manda recolher o que sobrou e ter cuidado para que nada se perca. “Assim, pois, o fizeram e encheram doze cestos de pedaços dos cinco pães de cevada, que sobraram aos que haviam comido” (13) (um cesto para cada apóstolo).

Os homens reconheceram que Jesus era o messias e desejam arrebatá-lo para proclamá-lo rei. Mas Jesus recusa esta ação humana e sobre novamente sozinho para o monte.

 

II. Meditação do Evangelho (o que o texto me diz?)

O que Deus falou com você neste Evangelho? ________________

·         A multidão foi abençoada porque seguiu Jesus. Só seremos abençoados quando tivermos a disposição de seguir o Senhor com fé, esforço e sacrifício.

·         O Senhor Jesus tem interesse especial pela multidão. Ele senta no monte e espera ela se aproximar. Que possamos nos interessar pelas multidões de perdidos que encontramos todos os dias pelas ruas.

·         Muitas vezes o Senhor nos experimenta (assim como fez com Filipe) para que possamos, nós mesmos, conhecer nossos limites e impossibilidades.

·         Quantas vezes nos sentimos incapazes diante dos desafios propostos pelo Senhor? Filipe e André se sentiram incapazes.

·         Para o Senhor Jesus não existe impossibilidades. Precisam enfrentar os desafios com os olhos de Jesus. Ele está conosco sempre.

·         Ele ordena e os apóstolos obedecem. Precisamos aprender a obedecer as ordens do Senhor. Nossa necessidade não moverá os braços do Senhor. O que moverá os braços do Senhor é a nossa fidelidade as suas ordens (isso se aplica também aos dízimos).

·         Diante dos poucos recursos, o Senhor deu graças. Este é um princípio do milagre. Precisamos dar graças pelo que chega a nossas mãos, mesmo se forem apenas “cinco pães e dois peixes”. 

·         Jesus manda recolher o que sobrou. Temos que aprender a viver com o pouco e sem desperdício. Desperdício é pecado. 

·         Os apóstolos serviram a multidão e ganharam, cada um, uma cesta de pães. Quando servimos a obra de Deus somos prósperos e supridos pelo Senhor. A fidelidade nunca nos deixará pobres.

·         Jesus sobe ao monte sozinho para fugir das propostas do mundo. Precisamos aprender a nos retirar das propostas que o mundo nos oferece. Precisamos literalmente fugir das paixões (Leia II Tm 2.22).

 

III. Orando o Evangelho (O que digo a Deus?)

            Faça uma oração baseada no Evangelho meditado:_____________

 

Senhor. Sabemos que o Senhor é o Deus de nossa vida. Por isso te seguimos com fé e perseverança. Sabemos que o Senhor sempre nos acolhe. Auxilie-nos em nossa pouca fé diante dos momentos onde somos experimentados. Muitas vezes nos sentimos incapazes e impossibilidades em ter a fé necessária para abençoar o mundo. Sabemos que para o Senhor não há impossibilidades. Que sejamos fiéis e obedientes as suas ordens. Que nossa fidelidade venha mover Seus braços. Ajuda-nos a viver em ações de graças mesmo diante dos poucos recursos. Que venhamos ser mordomos fiéis dos recursos que chegam a nossas mãos. Sabemos que a abundancia seguirá nossa vida se vivermos em obediência. Por Jesus nosso Senhor, na Unidade do Espírito Santo. Amém.

 

IV. Qual o compromisso que assumirei depois desta meditação na Palavra de Deus?

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Conclusão:

O Segredo da vitória é a minha fidelidade ao Senhor. Temos que obedecer e andar no sobrenatural para podermos alcançar as multidões e ser instrumento de Deus para alimentar a fome de salvação e justiça. Que haja fé e obediência em nosso caminho.

terça-feira, 13 de julho de 2021

16º Domingo Comum - Ano B


 

16º Domingo Comum

O Regresso dos Apóstolos

Mc 6.30-34

 

No Evangelho de hoje os apóstolos regressam da Missão e prestam um relatório a Jesus. O texto fala também da necessidade do descanso, da solidão com Cristo e do ministério de sermos pastores para as multidões sofridas. Deus deseja que sejamos continuadores da obra de Jesus no mundo.

 

I. Leitura do Evangelho (O que o texto diz?)

O que relata o texto do Evangelho?_______

O Evangelho deste domingo apresenta-nos o regresso dos enviados de Jesus (Em Mc 6.7-13 eles foram enviados para a missão). Marcos chama-lhes, agora, de  “apóstolos” (enviados): é a única vez que a palavra aparece no Evangelho segundo Marcos. A missão correu bem e os “apóstolos” estão entusiasmados, mas naturalmente cansados.

O nosso texto começa com a narração do regresso dos discípulos que, entusiasmados, contam a Jesus a forma como se tinha desenrolado a missão que lhes fora confiada (vers. 30).

Na sequência, Jesus convida-os a irem com Ele para um lugar isolado e descansarem um pouco (vers. 31). A referência à necessidade de os “apóstolos” descansarem (pois nem sequer tinham tempo para comer) pretende ser um aviso contra o ativismo exagerado, que destrói as forças do corpo e do espírito e leva, tantas vezes, a perder o sentido da missão.

Os “apóstolos” são convidados por Jesus a irem com Ele para um lugar isolado. Não sabemos a onde ficava este lugar (Marcos não diz). Na realidade, o que interessa aqui não é o lugar geográfico, mas sim que esse “descanso” deve acontecer junto de Jesus. É ao lado de Jesus, escutando-O, dialogando com Ele, gozando da sua intimidade, que os discípulos recuperam as suas forças.

Os discípulos foram, com Jesus, para um lugar deserto (vers. 32); mas as multidões adivinharam para onde Jesus e os discípulos se dirigiam e chegaram primeiro (vers. 33).

As multidões tinham seguido Jesus e os discípulos a pé – quer dizer, deslocando-se à volta do Lago de Tiberíades, com o barco sempre à vista. Esta busca incansável e impaciente espelha a ânsia de vida que as pessoas sentem. Jesus, cheio de compaixão, interrompe seu descanso e compara a multidão a um rebanho sem pastor. O texto diz que ao desembarcar, Jesus viu as pessoas, teve compaixão delas (“porque eram como ovelhas sem pastor”) e pôs-se a ensiná-las (vers. 34).

 


II. Meditação do Evangelho (o que o texto me diz?)

            O que Deus falou com você neste Evangelho? ________________

·         Precisamos relatar a Jesus o resultado da missão que Ele colocou em nossas mãos para fazer. Prestaremos relatórios de tudo. 30 Voltaram os apóstolos à presença de Jesus e lhe relataram tudo quanto haviam feito e ensinado.

·         Precisamos aprender a ter tempo para o descanso, o esporte, a caminhada e o silêncio com Deus. Nossa vida precisa ser de missão ativa e ao mesmo tempo de cuidado com o corpo e com a alma.  31 E ele lhes disse: Vinde repousar um pouco, à parte, num lugar deserto; porque eles não tinham tempo nem para comer, visto serem numerosos os que iam e vinham.

·         Precisamos ter momentos solitários com Jesus. 32 Então, foram sós no barco para um lugar solitário.

·         Se tivermos Jesus, muitas pessoas irão procurar nossa ajuda e nosso socorro. 33 Muitos, porém, os viram partir e, reconhecendo-os, correram para lá, a pé, de todas as cidades, e chegaram antes deles.

·         Precisamos ter compaixão pelas pessoas. Ter tempo para ministrar e ensinar o Evangelho do Senhor. As pessoas são ovelhas que necessitam do nosso pastoreio. 34 Ao desembarcar, viu Jesus uma grande multidão e compadeceu-se deles, porque eram como ovelhas que não têm pastor. E passou a ensinar-lhes muitas coisas.

 

 

III. Orando o Evangelho (O que digo a Deus?)

            Faça uma oração baseada no Evangelho meditado:_____________

 

Senhor. Obrigado por ter me enviado a realizar a sua Missão. Desejo ser fiel e relatar tudo que tem acontecido em minha vida, inclusive meus pecados e minha falta de zelo. Desejo priorizar também meu tempo de descanso a sós com o Senhor. Minha intimidade com sua presença precisa aumentar todos os dias. Somente com o Senhor poderei ministrar ao mundo. Sei que as pessoas irão me procurar para ser a mão de Cristo que acolhe e pastoreia. Que eu tenha sempre compaixão pelas multidões e esteja disposto a ensinar Tua Palavra que cura e transforma. Por Jesus Cristo, Seu Único Filho, na unidade do Espírito Santo, agora e sempre. Amém.

 

 

 

IV. Qual o compromisso que assumirei depois desta meditação na Palavra de Deus?

 

Conclusão:

            Os discípulos obedeceram e tiveram bênçãos para relatar. Que nossa vida seja de obediência ao Senhor. Esta precisa ser a nossa maior característica. Precisamos ser obedientes em todas as áreas, inclusive na fidelidade mensal aos dízimos e no trabalho na missão. 

terça-feira, 6 de julho de 2021

15º Domingo Comum - Ano B

 




15º Domingo Comum

A Missão dos Discípulos

Marcos 6.7-13

 

 

O Evangelho do 15º Domingo do Tempo Comum recorda-nos que Deus atua no mundo através dos homens e mulheres que Ele chama e envia como testemunhas do seu projeto de salvação. Esses “enviados” devem ter como grande prioridade a fidelidade ao projeto de Deus e não a defesa dos seus próprios interesses ou privilégios.

 

I. Leitura do Evangelho (O que o texto diz?)

O que relata o texto do Evangelho?_______

 

Marcos começa por deixar claro que a iniciativa do chamamento dos discípulos é de Jesus: Ele “chamou-os” (vers. 7). Não há qualquer explicação sobre os critérios que levaram a essa escolha: falar de vocação e de eleição é falar de um mistério insondável, que depende de Deus e que o homem nem sempre consegue compreender e explicar.

Depois, Marcos aponta o número dos discípulos que são enviados (“doze”). Porque exatamente “doze”? Trata-se de um número simbólico, que lembra as doze tribos que formavam o antigo Povo de Deus. Estes “doze” discípulos representam simbolicamente a totalidade do Povo de Deus, do novo Povo de Deus. É a totalidade do Povo de Deus que é enviada em missão.

Os “doze” são enviados “dois a dois”. É provável que o envio “dois a dois” tenha a ver com o costume judaico de viajar acompanhado, para ter ajuda e apoio em caso de necessidade; pode também pensar-se que esta exigência de partir em missão “dois a dois” tenha a ver com as exigências da lei judaica, de acordo com a qual eram necessárias duas testemunhas para dar credibilidade a qualquer anúncio (cf. Dt 19.15; Mt 18.16).

Logo após, Marcos define a missão que Jesus lhes confiou (“deu-lhes poder sobre os espíritos impuros”). A missão é um enfrentamento direto contra os demônios. Contudo, Deus deu aos apóstolos o poder sobre os espíritos imundos.

Em seguida, vêm as instruções para a missão (vers. 8-9). Na perspectiva de Jesus, os discípulos devem partir para a missão, num despojamento total de todos os bens e seguranças humanas… Podem levar um cajado (na versão de Mateus e de Lucas, os discípulos não deviam levar cajado – cf. Mt 10.10; Lc 9.3); mas não devem levar nem pão, nem alforje (duplo saco, fechado em ambas as extremidades e aberto no meio - por onde se dobra -, formando duas bolsas iguais; para ser carregado no ombro, para distribuir o peso dos dois lados), nem moedas (pequenas moedas de cobre que o viajante levava sempre consigo para as suas pequenas necessidades), nem duas túnicas.

Outra instrução refere-se ao comportamento dos discípulos diante da hospitalidade que lhes for oferecida (vers. 10-11). Quando forem acolhidos numa casa, devem aí permanecer algum tempo e não devem saltar de um lugar para o outro, ao sabor das amizades, dos interesses próprios ou alheios ou das suas próprias conveniências pessoais.

Quando não forem recebidos num lugar, devem “sacudir o pó dos pés” ao abandonar esse lugar: trata-se de um gesto que os judeus praticavam quando regressavam do território pagão e que simboliza a renúncia à impureza. Aqui, deve significar o repúdio pelo fechamento às propostas libertadoras de Deus.

Finalmente, Marcos descreve a realização da missão dos discípulos (vers. 12-13): pregavam a conversão (“metanoia” – isto é, uma mudança radical de mentalidade, de valores, de atitudes, um voltar-se para Jesus Cristo e um acolher o seu projeto), expulsavam demônios, curavam os doentes.

 

II. Meditação do Evangelho (o que o texto me diz?)

            O que Deus falou com você neste Evangelho? ______________________

 

·         É Deus quem nos chama para sua obra. Não conseguimos compreender ou explicar. Precisamos apenas aceitar com gratidão a sua vocação.

·         Todo povo de Deus é enviado para a missão. A Missão de fazer discípulo pertence a cada novo discípulo. Somente fazendo discípulos temos a identidade de discípulo.

·         Nós nunca seremos enviados sozinhos. Deus sempre levantará companheiros para a Missão. A sua obra de abrir novas células e evangelizar sempre será de “dois a dois”.

·         Em qualquer caso, a exigência de partir em missão “dois a dois” sugere também que a evangelização e o discipulado tem sempre uma dimensão comunitária. Os discípulos nunca devem trabalhar sozinhos, à margem do resto da comunidade; não devem anunciar as suas ideias, mas a fé da Igreja. Quem anuncia o Evangelho, anuncia-o em nome da comunidade; e o seu anúncio deve estar em sintonia com a fé da comunidade.

·         No discipulado iremos enfrentar diretamente os demônios, mas recebemos autoridades sobre eles em Nome de Jesus.

·         Não preciso de nenhum recurso para fazer a missão. Preciso unicamente de obediência ao chamado. Os discípulos não puderam levar nem pão para a missão. Tudo seria fornecido por Deus. Precisavam apenas fazer a obra e confiar.

·         Para abrir novas células e congregações, precisamos apenas confiar na provisão e Deus. 

·         Precisamos ser livres da idolatria aos bens materiais. Os discípulos deveriam ser totalmente livres e não estar amarrados a bens materiais; caso contrário, a preocupação com os bens materiais podia roubar-lhes a liberdade e a disponibilidade para a missão. Por outro lado, essa atitude de pobreza e de despojamento ajudará também os discípulos a perceber que a eficácia da missão não depende da abundância dos bens materiais, mas sim da ação de Deus. A sobriedade e o desapego são sinais de que o discípulo confia em Deus e contribuem para dar credibilidade ao testemunho.

·         Precisamos obedecer as estratégias de Deus para a missão.

·         No anuncio do Evangelho vai a oportunidade e o julgamento. Precisamos também estar preparados para sacudir o pó dos nossos pés quando as pessoas se fecharem ao Evangelho.

·         Precisamos continuar a missão de Jesus, pregando o Evangelho e realizando os sinais de cura e libertação.

 

 III. Orando o Evangelho (O que digo a Deus?)

            Faça uma oração baseada no Evangelho meditado:__________________

 

Senhor. Aceito o Seu chamado para a minha vida. Sei que sou, com todo o povo de Deus, enviado para a missão de ganhar almas. Também sei que o Senhor providenciará companheiros que me auxiliarão na Missão. Nunca estarei sozinho. Sei que enfrentaremos demônios, mas também sei que o Senhor nos deu poder sobre os espíritos imundos. Que eu seja desprendido ao ponto de confiar mais no Senhor do que nos recursos financeiros. Livra-me da idolatria dos bens materiais. Que eu obedeça as estratégias do Senhor. Que eu seja forte para anunciar a tua Palavra e se necessário, sacudir o pó dos meus pés. Que eu seja fiel para continuar a missão de Jesus no mundo. Em Nome de Jesus Cristo, teu único filho, na unidade do Espírito Santo, a gora e sempre. Amém.

 

IV. Qual o compromisso que assumirei depois desta meditação na Palavra de Deus?

 

Conclusão:

O anúncio que é confiado aos discípulos é o anúncio que Jesus fazia (o “Reino”); os gestos que os discípulos são convidados a fazer para anunciar o “Reino” são os mesmos que Jesus fez (curar enfermos e expulsar demônios). Ao apresentar a missão dos discípulos em paralelo e em absoluta continuidade com a missão de Jesus, somos desafiados a continuar na história a obra libertadora que Ele começou em favor do ser humano, fazendo novos discípulos e discípulas em todas as nações.