segunda-feira, 17 de junho de 2024

12º Domingo Comum - Missão e Tempestade - Marcos 4.35-41

 


12º Domingo Comum

Missão e Tempestade

Marcos 4.35-41

 

Deus preocupa-se com os dramas dos homens e das mulheres? Onde está Ele nos momentos de sofrimento e de dificuldade que enfrentamos ao longo da nossa vida?

O Evangelho desta semana diz-nos que, ao longo da sua caminhada pela terra, o homem não está perdido, sozinho, abandonado à sua sorte; mas Deus caminha ao seu lado, cuidando dele com amor de pai e oferecendo-lhe a cada passo a vida e a salvação. Nunca os discípulos serão abandonados nas tempestades da vida.

 

I. Leitura do Evangelho (O que o texto diz?)

O que relata o texto do Evangelho?________________________________

O Evangelho começa com a indicação de que Jesus decidiu passar “à outra margem”. A “outra margem” (do lago de Tiberíades) é o território pagão da Decápole. A Decápole (“dez cidades”) era o nome dado ao território situado na Palestina oriental. O nome servia para designar uma liga de dez cidades, que se formou depois da conquista da Palestina pelos romanos, no ano 63 a.C.. As “dez cidades” que formavam esta liga eram helenísticas e não estavam sujeitas às leis judaicas. Era território pagão, considerado pelos judeus completamente à margem dos caminhos da salvação.

O episódio que Marcos nos narra passa-se durante a travessia do Lago de Tiberíades. O Lago de Tiberíades, designado frequentemente por “Mar da Galileia”, é um lago de água doce, alimentado sobretudo pelas águas do rio Jordão, com 12 quilômetros de largura e 21 quilômetros de comprimento.

As tempestades que se levantavam neste “mar” podiam aparecer subitamente e ser especialmente violentas. É importante sabermos o que o “mar” significava para a mentalidade judaica: era uma realidade assustadora, indomável, orgulhosa, desordenada, onde residiam os poderes caóticos que o homem não conseguia controlar e onde estavam os poderes maléficos que queriam destruir os homens… Só Deus, com o seu poder e majestade, podia pôr limites ao mar, dar-lhe ordens e libertar os homens dessas forças descontroladas do caos que o mar encerrava.

Mais do que um fato histórico, a narração que Marcos nos apresenta deve ser vista como uma página de discipulado. Usando elementos com uma forte carga simbólica (o mar, o barco, a tempestade, a noite, o sono de Jesus), Marcos apresenta-nos uma reflexão sobre a comunidade dos discípulos em marcha pela história.

Marcos escreve numa época em que a Igreja de Jesus enfrenta sérias “tempestades” (perseguição de Nero, problemas internos causados pela diferença de perspectivas entre judeu-cristãos e pagão-cristãos, dificuldades sentidas pelas comunidades em encontrar o caminho para o futuro…). Foi neste contexto que foi escrito e lido o Evangelho de Marcos.

Reparemos, em primeiro lugar, no “ambiente” em que Marcos nos situa: no mar, ao anoitecer (v.35). Situar o barco com Jesus e os discípulos “no mar”, é colocá-los num ambiente hostil, adverso, perigoso, caótico, rodeados pelas forças que lutam contra Deus e contra a felicidade do homem. Por outro lado, a “noite” é o tempo das trevas, da falta de luz; aparece como elemento ligado com o medo, com o desânimo, com a falta de perspectivas. O “mar” e a “noite” definem uma realidade de dificuldade, de hostilidade, de incompreensão.

No “barco” vão Jesus e os discípulos (v.36). O “barco” é, no discipulado cristão, o símbolo da comunidade de Jesus que navega pela história. Jesus está no “barco”, mas são os discípulos que se encarregam da navegação, pois é a eles que é confiada a tarefa de conduzir a comunidade pelo mar da vida.

O “barco” dirige-se “para a outra margem” (v 35b), ao encontro das terras dos pagãos. Com este dado Marcos alude, muito provavelmente, à missão dos discípulos cristãos, convidados por Jesus a ir ao encontro de todos os homens para lhes levar a Salvação.

Durante a travessia, Jesus “dorme” (v 38). O “sono” de Jesus durante a viagem refere-se, possivelmente, à sua aparente ausência ao longo da “viagem” que a comunidade cristã faz pela história. Com frequência os discípulos, ocupados em dirigir o “barco”, têm a sensação de que estão sós, abandonados à sua sorte e que Jesus não está com eles a enfrentar as vicissitudes da viagem. Na verdade, Jesus está com eles no “barco”; Ele prometeu ficar com eles “até ao fim do mundo”.

A “tempestade” (v 37) significa as dificuldades que o mundo opõe à missão dos discípulos. É provável que Marcos estivesse a pensar numa “tempestade” concreta, talvez a perseguição de Nero aos cristãos de Roma, durante a qual foram mortos Pedro e Paulo, bem como muitos outros cristãos (anos 64-68). A “tempestade” refere-se também a todos os momentos de crise, de perseguição, de hostilidade que os discípulos terão de enfrentar ao longo do seu caminho histórico, até ao fim dos tempos.

Jesus, despertado pelos discípulos, acalma a fúria do mar e do vento, com a sua Palavra imperiosa e dominadora (v. 39). Já dissemos atrás que, na teologia judaica, só Deus era capaz de dominar o mar e as forças hostis que se albergavam no mar. Jesus aparece assim, como o Deus que acompanha a difícil caminhada dos discípulos pelo mundo e que cuida deles no meio das dificuldades e da hostilidade do mundo.

Depois de acalmar o mar e o vento, Jesus dirige-Se aos discípulos e repreende-os pela sua falta de fé (v. 40: “porque estais tão assustados? Ainda não tendes fé?”). Os discípulos, depois da caminhada feita com Jesus, já deviam saber que Ele nunca está ausente, nem alheio da vida da sua comunidade. Eles não podem esquecer que, em todas as circunstâncias, Jesus vai com eles no mesmo “barco” e que, por isso, nada têm a temer. A comunidade de Jesus tem de estar consciente de que Jesus está sempre presente e que, portanto, as tempestades da história não poderão impedi-los de concretizar no mundo a missão que lhes foi confiada.

O nosso texto termina com o “temor” dos discípulos e a pergunta que eles fazem uns aos outros: “Quem é este, a quem até o vento e o mar obedecem?” (vers. 41). O “temor” define o estado de espírito do homem diante da divindade. No universo bíblico, este “temor” não apresenta caráter de pânico ou de medo servil, mas encerra um misterioso poder de atração que se traduz em obediência, entrega, confiança, entusiasmo.

Tal atitude positiva deriva da experiência que o crente israelita tem de Deus: Jahwéh é um Deus presente, que guia o seu Povo com uma solicitude paternal e maternal. Por isso, o crente, se por um lado tem consciência da omnipotência de Deus, por outro lado sabe que pode confiar incondicionalmente n’Ele e entregar-se nas suas mãos.  A resposta à questão já está, portanto, dada: o “temor” dos discípulos significa que eles reconhecem que Jesus é o Deus presente no meio dos homens, e a quem os homens são convidados a aderir, a confiar, a obedecer com total entrega.

 

 

II. Meditação do Evangelho (o que o texto me diz?)

            O que Deus falou com você neste Evangelho? ______________________________

 

·         Somos convidados a passar à outra margem do mar da Galiléia. Ir onde estão as pessoas sem luz e sem salvação.

·         Como discípulos, não podemos ficar comodamente instalados em nossos espaços seguros e protegidos, defendidos dos perigos do mundo e alheados aos problemas e necessidades dos homens. Temos que ser uma comunidade empenhada na transformação do mundo pela pregação do Evangelho.

·         Em nossa missão, encontraremos com muitas oposições e tempestades.

·         Muitas vezes, ao longo da caminhada, sentimos uma tremenda solidão e, confrontados com a oposição e as tempestades do mundo, vemos nossas fragilidades e impotências. Parece que Jesus nos abandonou; e o silêncio de Jesus desconcerta-os e angustia-os. Mas precisamos saber que Jesus está no barco. Sua presença é tão real na tempestade como na bonança.  

·         Muitas vezes ouviremos Jesus perguntar: “Ainda não tendes fé?” Se os discípulos tivessem fé, não teriam medo e não sentiriam a necessidade de “acordar” Jesus. Estariam conscientes da presença de Jesus ao seu lado em todos os momentos.

·         Este Evangelho nos convida a assumir, diante do Senhor Jesus que nos acompanha sempre, uma atitude de temor e de reconhecimento de que Ele é Deus, Ele está conosco e que somos mais do que vencedores.

 

III. Orando o Evangelho (O que digo a Deus?)

            Faça uma oração baseada no Evangelho meditado:________________________________

 

Senhor. Aceitamos o seu convide de passar a outra margem do lago e evangelizar as pessoas sem luz e sem salvação. Muitas vezes desejamos ficar no lugar seguro de nossos templos. Desejamos sair e buscar as pessoas que necessitam de salvação. Sabemos que encontraremos muitas oposições e tempestades. Algumas vezes nos sentiremos sozinhos e abatidos. Mas desejamos ter a nossa fé renovada de que, mesmo em meio a tempestade, o Senhor está conosco.  Sabemos que a nossa fé ainda não é como o Senhor deseja, mas temos visto seus milagres e o nosso coração tem se enchido de temor e amor pela tua obra. Por Jesus Cristo, nosso Senhor, na unidade do Espírito Santo. Amém.

 

IV. Qual o compromisso que assumirei depois desta meditação na Palavra de Deus?

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Conclusão:

            Somos despertados para ir ao mundo levar o Evangelho. Somos orientados que na missão encontraremos muitas tempestades, mas Jesus está no barco, Confiamos em sua santa intervenção e seremos tremendamente abençoados na Missão. O medo precisa ser substituído pela confiança de que Jesus nos auxiliará a fazer muitos discípulos para sua honra e sua glória. 

 

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